Durante 45 dias pelas estradas da França, colocando a prova uma organização que preparei nestes anos de viagem…cama, banheiro portátil, ducha adaptada, fogão de acampamento, kit de cozinha, uma geladeira pequena, barraca para aumentar a habitação.

Tudo pensado para dar autonomia, a vontade era de viajar pelas vinícolas desse país incrível, mas foi se confundindo com as possibilidades de perder o apartamento alugado à Paris, em tempos de ruptura e falta de emprego e com pouco dinheiro no bolso, iniciei uma ultima tentativa e essa viagem sem destino com o litoral em mente já poderia ser minha ultima aventura pela Europa.
Tudo pensado para dar autonomia, a vontade era de viajar pelas vinícolas desse país incrível, mas foi se confundindo com as possibilidades de perder o apartamento alugado à Paris, em tempos de ruptura e falta de emprego e com pouco dinheiro no bolso, iniciei uma ultima tentativa e essa viagem sem destino com o litoral em mente já poderia ser minha ultima aventura pela Europa.

Com alguns planos não muito definidos, pensava em prestar serviços através da viagem e tentar algumas vagas em restaurante como sempre fiz, Paris não estava fácil e a vida de restaurante me incomodava em muitos aspectos, depois de anos vivendo esse ambiente de grandes capitais me sentia saturado do comportamento “cidadão” tudo começava a ressoar e ficar evidente aos meus olhos, ver essa nova geração cometendo os mesmos erros, sobretudo os erros que me martirizam, servir álcool sem poder alertá-los de forma convincente, tendo que impulsionar o consumo vendendo e promovendo enquanto lutava para não recair em minhas dependências, foi um sofrimento de muitos anos até poder dizer que retomei o controle.
Outra das práticas que me deixava maluco eram os funcionários e as divisões de caixinhas “Tips”, “Propina”, “Pour boir” como a ganancia humana era a mesma em diferentes países, pessoas que por ter o controle da distribuição sempre encontravam uma maneira de sair lucrando, o que deveria ser compartilhado fortalecendo a equipe em seu cotidiano pela prestação dos serviços, reconhecer o trabalho de uma equipe inteira, acabava por se desviar se não por uma pessoa, por um grupo com mais tempo de casa ou mais egocêntricos. Hoje não gostaria de retornar a esse ambiente de restaurantes, tudo dependerá da necessidade, essa vontade de sair é devido a gestão de grupos e a forma como as pessoas se aproveitam do ambiente para se auto promover e tirar vantagens, servir é um trabalho incrível e adoraria poder fazer de maneira a ser reconhecido, contribuir com um ambiente onde as famílias compartilham de um momento vital. A crise gerencial se instalou durante estes anos que tenho servido a esse mercado, a financeirização dos restaurantes tirou o sonho de muitos que por amor idealizarão um ambiente de acolhimento, para dar lugar a contadores que recuperam o máximo possível do que se pode fazer as pessoas consumirem, e no final do turno ser atacado em nosso trabalho prestado sendo impulsionados a vender mais e cooptar clientes a falsas avaliações nessa estrutura de anúncios digitais.